A arte de Barnett Newman

 

Sendo um dos artistas mais intelectuais da New York School, Barnett Newman carregava em sua arte a bagagem do ativismo político e estudos sobre filosofia. O americano não compreendia a arte como a estética neoplástica da sociedade, mas sim que nela residia um sentido de liberdade que deveria adentrar a dimensão social.
 

O editor e curador de arte, Thomas B. Hess, ao publicar um livro sobre Barnett em 1977, expõe que a investigação dos expressionistas abstratos quanto o que seria pintar está na ação como referência, afinal, é o ato que o coloca na dimensão de ser, isto é, na dimensão ontológica. Ainda assim, a teoria não substitui o fazer da obra, ainda que seja importante para sua formação.



Ainda que este movimento fosse influenciado por outros, como o próprio expressionismo alemão e o abstrato, além do surrealismo e cubismo, para os expressionistas abstratos, são nos aparentes "apenas rabiscos" que se abre a possibilidade de novas artes – criações mais ligadas ao inconsciente no modo de usar o espontâneo e subjetivo, deste modo expondo a liberdade artística. Alinhado a tal ideia, para Newman é a própria criação o tema de seu trabalho.

  

O americano era um antiformalista, negava os compromissos pela qual a arte ocidental estava atada, isto é, se afastava da relação figura-fundo e da sujeição do olhar para os limites da tela, além de abdicar do equilíbrio e organização da obra feitas através das cores, luzes e sombras – características percebidas, por exemplo, em artes europeias clássicas.
 

No início da década de 40, Newman desiste da pintura e se volta ao estudo da história natural e ornitologia, além de organizar exposições e escrever críticas de arte. Mas logo nos anos posteriores, mais especificamente em 1944, o lado criador do americano ressurge e se inspira pelo surrealismo, porém, muitas destas telas não atendem suas expectativas e são destruídas pelo próprio – atitude que se inicia em 1930 onde começa a pintar e o segue em muitos momentos de sua carreira como artista plástico.



Mas é em 1948 onde Newman descobre o que seria sua marca registrada, e cria – de modo não programado – o dispositivo pictórico chamado Zip, que se trata de uma ou mais faixas de cor que percorrem a extensão da tela.  O artista cria telas onde testava de variadas formas este estilo que se tornou tão particular e intransferível, fazendo telas pretas e brancas, coloridas, com faixas mais finas ou mais longas.


Barnett produz obras como The Wild (1950), que é nada mais que o próprio Zip, possuindo mais de 2 metros de altura e apenas 4 centímetros de largura – obra que funciona como uma ode a esta assinatura que simultaneamente separa a obra como a une ao rasurar o campo de cor.

É justamente ao fazer a tela Onement I em 1948, a partir de um simples teste de cor, que o americano teve acesso a este novo dispositivo, experiência que ganhou corpo de revelação – antes disto, Newman pintava para trabalhar de modo narrativo a questão da origem, tendo telas com referências ao rupestre, isto é, indo ao passado. Já nesta tela em questão, o ato criativo se deu na força que se impõe mesmo na falta de projetos prévios – agora já não se tratava do passado e sim do presente.

 


"Espero que minha pintura tenha o impacto de proporcionar a alguém, como o fez comigo, o sentimento de sua própria totalidade, diferença e individualidade."

 – Barnett Newman

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