O estranho de Frank Auerbach
Em rostos pintados com expressão implicada em cada pincelada, o criador dá lugar a uma confusão de linhas com sentido, ainda que manchadas, ainda que deturpadas.
Escancara as imperfeições das feições, onde o corpo é imaginário e se despedaça, derrete em si.
O figurado em tela são formas que podemos validar como um retrato humano, e ainda que os nomes se repitam, sua forma de retratação não o faz. A tinta usada se acumula trazendo mais detalhes caóticos que ganham força ao serem vistos presencialmente – neste processo cada quadro se torna único, mudando como um camaleão que se adapta ao criador.
Tanto suas paisagens quanto seus retratos possuem linhas fortes e retas esporádicas, por vezes mostra cores vivas ou então seu outro extremo, as mais soturnas – tais características produzem notas intensas para cada quadro singularmente.
Para o alemão, sua arte é uma solução inventiva materializada na pintura para o desafio que é estar no mundo, e pensando nisto, sua fixação em figurar objetos específicos começa a chamar atenção – quanto sua escolha de objetos (ou melhor, pessoas) para retratar, o artista diz:
"Eu me encontro simplesmente mais engajado quando conheço as pessoas. Eles envelhecem e mudam; há algo tocante nisso, em gravar algo que está acontecendo."
Por mais que seja figurado algo ou alguém específico como os títulos mostram, Auerbach tira o estético de seu lugar clichê e ao abrir mão de máscaras pode mostrar o cru, o selvagem, o estranho – esse que caminha para além dos limites conscientes.
Frank Auerbach nasceu em 1931 na Alemanha e se naturalizou no Reino Unido em 1947. Foi aluno nas instituições St Martin's School of Art e Royal College of Art, ambas em Londres.
Além de exposições solo, também participou de inúmeras exposições pela Europa e América ao lado de nomes como Lucian Freud, Francis Bacon, Leon Kossoff e outros.
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